Como um ano novo horrível fez eu amar ainda mais meu (futuro) marido

Nós ainda não éramos casados. Na verdade, foi nosso primeiro ano novo juntos. Ficamos planejando como seria, estávamos há quase um ano juntos, já tínhamos um pouco de intimidade para decidirmos com segurança para onde ir e o que fazer. Não queríamos muvuca, então passar o ano novo na praia estava fora de cogitação. Também não queríamos fazer festa na minha casa, organizar as coisas dá um trabalhão. As festas dos amigos furaram, ficamos sem saber o que fazer. Decidimos viajar só nós dois.

Fomos pesquisar hotéis em cima da hora. Sim, nós somos péssimos em programar as coisas e disso já sabíamos. Procuramos muito, vários lugares. Queríamos ir de carro, tentar não gastar muito, mas a intenção era que fosse o ano novo mais romântico de nossas vidas. E não, não foi.

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Essa era a expectativa.

 

Acabamos optando por uma pousada em Petrópolis, com piscina, sauna. A pousada era um casarão antigo, lindo de morrer, no meio de um bosque cheio de árvores. Um cenário perfeito para um fim de ano a dois. Decidimos que iríamos aproveitar a tarde na pousada e na hora da virada iríamos a um restaurante, comemorar com pessoas desconhecidas a possível queima de fogos em Petrópolis.

Tudo o que poderia dar errado deu. Os planos da piscina aparentemente iriam por água abaixo, pois estava chovendo e você sabem, né, na serra quando chove o frio é certo. Quando chegamos notamos que a cidade estava vazia, meio a esmo, achamos estranho, mas tudo bem. O que nós não sabíamos é que não existem festinhas de fim de ano em Petrópolis! Os restaurantes fecham, a cidade apaga, não há nada, nenhuma alma. Parece um faroeste fantasma! Ah, a garrafa de vinho que comprei na ida estava avinagrada, ruim, ou seja: tudo errado.

Petrópolis, a cidade fantasma
Petrópolis, a cidade fantasma

Mas nada disso nos abalou. Confesso que no começo senti muito medo das reações do Rafa, de como seria. Achei que ficaríamos constrangidos, sem saber o que fazer, perdidos. A chuva, a cidade vazia, o vinho ruim… Nada foi capaz de abalar nossa vontade de estar juntos.

No meio da tarde, mesmo com frio, nos jogamos na piscina. Rindo e batendo queixo de frio o Rafa se divertia horrores comigo, só nós dois na piscina gelada que chegava a doer. A partir daquele momento, sentindo cada risada que dávamos, concluí que era ele. Sim, era ele o cara com quem eu queria ficar para o resto da minha vida. Alguém que aproveita cada instante a dois como se fosse único, mesmo que seja uma piscina gelada no frio da serra.

Piscina gelada
Piscina gelada

Quando saímos do hotel, sem ainda saber que a cidade ficaria às moscas, fomos em busca de um lugar para passar a virada. Arrumada, maquiada, pronta para a comemoração da virada, percebi que NADA acontecia. Andamos de carro pela cidade toda. Tudo fechado, apagado, a cidade dormia. Paramos em um ponto da cidade e começamos a rir. Naquele momento eu poderia ter brigado, perdido a compostura, mas não. Eu ri. Olhei para aquele carinha e ri. Gargalhamos da nossa derrota, do nosso ano novo fiasco, rimos de nós mesmos e nos abraçamos. Comemoramos a virada em um posto de gasolina, olhando os segundos no relógio de pulso. Só nós dois.

Voltamos para o hotel a acabamos a noite bêbados com um monte de estrangeiros desconhecidos. Fomos para o quarto e pulamos na cama. Abri o vinho e ele estava avinagrado. Rimos mais e mais. Pulamos mais e mais na cama. Caímos exaustos de tanto nos divertimos, mesmo com tudo dando errado. Foi naquele dia, especificamente ali, que me apaixonei mais ainda pelo Rafa e acho que foi ali que concluímos que seríamos parceiros para sempre. A escolha estava feita: eu queria estar do lado do cara que ri dos problemas junto comigo.

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A prova de que pulamos na cama

 

E foi assim que descobri como nasce a certeza do amor. A liberdade e segurança de rir de tudo juntos, para mim, foi um fator decisivo. Saber lidar com as adversidades, passar por cima dos problemas e sair triunfantes, juntos, de mãos dadas, é, de longe, a melhor maneira de saber se você e seu amor podem viver uma vida inteira juntos. Não é só o amor que forma os casais, não é só a paixão e os interesses em comum, mas, principalmente a capacidade de vencer juntos quaisquer obstáculos.

Fiasco? Acho que não, ein?
Fiasco? Acho que não, ein?

Resumindo: Não é só nos momentos bons que temos que nos pautar. Precisamos descobrir como lidar com as adversidades juntos. Um casal conectado, que se ama e se respeita, consegue superar sem muitos problemas qualquer situação. Estar lado a lado, sintonizados, pensando no melhor para os dois torna o problema em apenas mais um obstáculo a ser contornado.

E esse foi meu primeiro obstáculo com o Rafa, esse ano novo fiasco, que ficou marcado para sempre na nossa história. Quando falamos dele, sempre gargalhamos de novo, lembrando que a primeira pessoa para quem demos “Feliz Ano Novo!” foi para um frentista de posto de gasolina. E toda vez que me lembro desse momento e do sorriso aberto que descobrimos naquela noite me apaixono mais e mais por ele. Pensar nesse dia reacende aquela chama que temos dentro de nós. No fim das contas foi o melhor ano novo das nossas vidas, o ano novo que eu olhei, pela primeira vez, o meu namorado e vi meu futuro marido.

 

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